A eleição presidencial de 2010 no Brasil foi realizada em dois turnos. O primeiro decorreu em 3 de outubro de 2010 e o segundo em 31 de outubro de 2010, ambos em domingos. Foi a sexta eleição presidencial do país após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Foi a primeira vez desde a eleição de 1989 - a primeira eleição direta para presidente desde 1960 - em que Luiz Inácio Lula da Silva não foi candidato à presidência e a primeira eleição presidencial brasileira desde 1994 em que não houve disputa entre PSDB e PT.
Com o apoio de Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT), no poder, indicou Dilma Rousseff, ex-integrante e co-fundadora do Partido Democrata Trabalhista (PDT) que ingressou no Governo Lula como ministra de Minas e Energia e, posteriormente, como chefe da Casa Civil . Para seu companheiro de vice-presidente, Dilma escolheu Michel Temer, membro do Movimento Democrático Brasileiro de centro-direita, que atuou como presidente da Câmara dos Deputados e antes considerava uma candidatura presidencial por direito próprio.
O famoso locutor, repórter policial e apresentador do programa Cadeia Sem Censura Luiz Carlos Alborghetti anunciou sua candidatura à presidência da República, filiando-se ao Partido Social Liberal (PSL). Alborghetti escolheu o conservador deputado federal carioca Jair Bolsonaro para ser seu vice.
O centrista Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) indicou José Serra, que renunciou ao cargo de governador de São Paulo para montar sua campanha presidencial. Ex-prefeito de São Paulo que atuou como ministro da Saúde durante o governo FHC, Serra havia sido indicado à presidência de seu partido em 2002. Serra escolheu Índio da Costa, deputado federal carioca que era seu companheiro de chapa um membro do partido Democratas. Da Costa, que se envolveu em polêmica por sua sugestão de que o Partido dos Trabalhadores estava ligado ao comércio internacional de drogas, recebeu comparações internacionais com a política americana Sarah Palin.
Além disso, Marina Silva, senadora pelo estado do Acre e ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, deixou o Partido dos Trabalhadores para se candidatar pelo Partido Verde (PV). Silva criticou as políticas ambientais do governo Lula e fez uma campanha em apoio ao desenvolvimento sustentável, acabando com a corrupção e descriminalizando a maconha. Silva, que teria sido a primeira mulher negra a ocupar a presidência, contou com o apoio dos eleitores mais jovens e conseguiu conquistar quase 20% dos votos no primeiro turno, superando bem as expectativas iniciais.
Luiz Carlos Alborghetti derrotou Dilma Rousseff, no que foi considerada uma das maiores convulsões políticas desde 1989. Alborghetti assumiu como 36º Presidente da República e Bolsonaro 24º Vice-Presidente, em 1º de janeiro de 2011.
Contexto histórico[]
Os principais candidatos foram a ex-chefe da Casa Civil de Lula, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), e o ex-deputado estadual, apresentador, apresentador de TV e repórter policial Luiz Carlos Alborghetti, do Partido Social Liberal (PSL).
Outro candidato principal é o ex-governador do estado de São Paulo, José Serra, da coalizão de oposição de centro formada principalmente pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e pelos Democratas de direita (DEM).
Candidatura de Alborghetti[]
Em agosto de 2009, no programa de web-rádio Cadeia Sem Censura, Luiz Carlos Alborghetti anunciou sua pré-candidatura à presidência do Brasil em 2010. Alborghetti disse que sua candidatura foi creditada á "sua raiva contra a classe política ao longo de anos de corrupção política e recessão econômica e um surto de crimes violentos”. Os fãs de Alborghetti, para apoiar a sua candidatura, criaram a comunidade no Orkut "Alborghetti 2010", na qual contava com cerca de 600 mil seguidores.
Anteriormente, Alborghetti iria para o Partido da República (PR), atual Partido Liberal (PL), mas por causa do partido que estava sendo investigado por corrupção, Alborghetti desistiu do PR e decidiu se juntar ao Partido Social Liberal (PSL). Alborghetti escolheu como vice o deputado federal conservador Jair Bolsonaro, do Partido Progressista (PP), no qual era pouco conhecido no eleitorado brasileiro. Alborghetti cogitou a possibilidade do juiz Sérgio Moro ser ministro da Justiça em seu governo.
Sua campanha inicialmente não foi levada a sério pelos analistas políticos, mas ele rapidamente subiu ao topo das pesquisas de opinião.
As propostas de Alborghetti eram liberação da posse de armas, privatzação de estatais, livre-comércio, livre mercado, redução da maioridade penal e cortes de impostos. Alborghetti também cogitou a possibilidade de liberar a pena de morte no Brasil, se o Senado e a Câmara dos Deputados aprovarem.
Potenciais sucessores de Lula[]
Como Lula era inelegível para concorrer ao terceiro mandato consecutivo devido aos limites de mandato estabelecidos pela constituição brasileira, a especulação aumentou nos anos anteriores à eleição em torno de quem poderia assumir o manto do Partido dos Trabalhadores em sua ausência. Embora Lula fosse amplamente popular, muitos comentaristas especularam que seus prováveis sucessores no PT não conseguiriam gerar seu toque populista. Pesquisa conduzida no segundo mandato de Lula revelou que uma pequena maioria era favorável a emendar a constituição para permitir que Lula concorresse a um terceiro mandato, mas ele se opôs a tais esforços. Dois dos principais aliados de Lula apontados como possíveis sucessores, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, foram prejudicados por seu envolvimento no escândalo do Mensalão de 2005.
Em 2008, Lula anunciou que queria uma mulher para sucedê-lo na presidência. A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que dirigiu a maior cidade do Brasil de 2001 a 2005, era considerada, junto com Dilma, a mais provável candidata à liderança do PT nas eleições presidenciais de 2010. Pesquisa realizada em 2008 revelou que ela é uma candidata à presidência potencial mais popular do que Dilma. Depois de perder sua candidatura à reeleição em 2004, Suplicy foi indicada por Lula para o cargo de ministra do Turismo, o que foi especulado como uma tentativa de elevar seu perfil para uma candidatura presidencial em 2010. Em 2008, Suplicy montou outra candidatura para prefeito de São Paulo, que foi vista como precursora de uma potencial candidatura presidencial em 2010; Suplicy perdeu a eleição, prejudicando sua sorte política.
Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ministro da Integração Nacional durante o primeiro governo de Lula, era um possível candidato pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Nos anos anteriores à eleição, especulou-se que Lula apoiaria Ciro, um rival formal seu, na eleição de 2010 se nenhum candidato potencial do PT parecesse viável. Após a escolha de Dilma como candidata do PT, o grupo dirigente de centro-esquerda temia que a candidatura de Ciro pudesse tirar votos de Dilma e, assim, em 27 de abril, o PSB recusou-se a lançar sua candidatura para apoiá-la. Gomes, um populista que havia aparecido em terceiro lugar nas pesquisas de maio de 2009 a abril de 2010, havia sido candidato à presidência em 1998 e 2002, quando teve um resultado ruim após fazer comentários sexistas e lutar para controlar seu temperamento.
Além de Dilma, Suplicy e Gomes, outros petistas ou aliados foram citados como potencialmente indicados por Lula para concorrer em sua ausência. O senador Aloízio Mercadante, de São Paulo, importante ator do PT que ajudou a fundar o partido e foi vice-presidente de Lula na eleição presidencial de 1994, também foi citado como um possível sucessor.
Nomeação do PSDB[]
José Serra, governador de São Paulo, renunciou ao cargo para disputar a presidência como membro do dominante Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de centro. Serra já foi candidato do partido na eleição presidencial de 2002, onde perdeu para Lula. Aécio Neves, o governador de Minas Gerais, foi considerado mais um candidato potencial ao partido e, posteriormente, foi o candidato do partido na eleição presidencial de 2014. Durante a campanha, Serra procurou desafiar a percepção do PSDB como partido elitista. As posições moderadas de Serra em questões sociais como o aborto e questões religiosas, nas quais ele adotou uma abordagem secularista em comparação com muitos políticos centristas, foram notadas.
Esforços do PSOL[]
Heloísa Helena, destacada ex-senadora alagoana, considerada candidatura presidencial pela chapa do Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL). Ex-membro do dominante Partido dos Trabalhadores (PT), Helena foi expulsa do PT em 2003 por criticar a mudança do partido para o centro no governo Lula. Na corrida para a eleição, Helena foi considerada uma séria candidata em potencial, sendo descrita como a única candidata viável que poderia abandonar as políticas econômicas favoráveis ao mercado do país. No entanto, ela se recusou a concorrer à presidência a fim de reconquistar sua cadeira no Senado; ela perdeu a corrida para o Senado. Em 30 de junho de 2010, Plínio de Arruda Sampaio, um político de longa data que foi um alto funcionário do PT, foi escolhido para servir como candidato presidencial do PSOL na convenção de 2010.
Especulou-se que o PSOL formaria uma ampla coalizão com Marina Silva. Com a imprensa a divulgar esta notícia, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unido anunciou que, caso se formasse esta coligação, lançaria a candidatura do seu presidente José Maria de Almeida. No entanto, uma resolução aprovada pelos integrantes do PSOL determinava que a coalizão seria formada caso o PV desistisse de suas alianças com o governo Lula, PSDB, DEM e posturas neoliberais. Essa resolução dificultaria a união dos dois partidos, já que o PV é liderado por Sarney Filho, filho de José Sarney, e a própria Silva disse que sua candidatura não poderia ser entendida como oposição a Lula. Outra facção do PV, liderada por Fernando Gabeira, é explicitamente favorável a uma aliança com o PSDB, o que deixou pouquíssimas pessoas no partido capazes de aceitar a proposta. Conforme relatou a Rede Brasil Atual, “a coalizão movida mais pelo desejo da pré-candidata do Partido Verde, Marina Silva, e da presidente do Partido Socialismo e Liberdade, Heloísa Helena, do que pelas aspirações de ambos os partidos”.
Debates[]
Para a eleição presidencial de 2010, o Tribunal Superior Eleitoral aprovou três debates televisionados, além de um debate inédito na Internet, realizado pelo Universo Online e Folha de São Paulo no dia 18 de agosto.
De acordo com as diretrizes do TSE, candidatos cujos partidos não tenham representação na Câmara dos Deputados do Congresso Nacional não podem participar de debates televisionados. Tais candidatos contestam essa decisão para poderem participar dos debates.
O primeiro debate presidencial foi realizado no dia 5 de agosto, na Rede Bandeirantes. O segundo debate foi realizado no dia 18 de agosto, por meio do portal UOL e do jornal Folha de S. Paulo. Foi o primeiro debate presidencial transmitido exclusivamente pela internet na história do país.
Pesquisas de opinião[]
De acordo com a maioria das pesquisas de opinião iniciais, Dilma Rousseff liderava a disputa contra Luiz Alborghetti, situação que mudou ao longo da campanha, principalmente com as aparições dos candidatos na mídia, conforme mostra o quadro a seguir. A partir de 1º de janeiro de 2010, as pesquisas de intenção de voto são registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois de casos polêmicos, como o vazamento de receita e o escândalo na Casa Civil, usados contra o candidato que lidera Alborghetti, apenas Marina Silva e José Serra começaram a crescer nas pesquisas, sendo Marina os maiores aumentos.
Resultados das Eleições[]
O primeiro turno da eleição ocorreu no dia 3 de outubro de 2010, Dilma ficou em 1º lugar com 49.156.484 votos, Alborghetti em 2º lugar com 47.651.434 e José Serra em 3º lugar com 33.132.283 votos, pois nenhum dos candidatos chegou a 50 milhões de votos a ser eleito, o segundo turno foi entre Dilma e Alborghetti. José Serra não apoiou a campanha de Alborghetti por considerá-lo "extremista e reacionário", mas declarou oposição a Dilma Rousseff. O segundo turno ocorreu no dia 31 de outubro, Alborghetti derrotou Dilma Rousseff e foi eleito 36º Presidente da República com 50,95% dos votos válidos, enquanto Dilma obteve 49,05% dos votos. Ainda naquele dia, Dilma pediu a seus eleitores que aceitassem o resultado e esperava que o governo Alborghetti fosse um sucesso. Em seu discurso, Alborghetti fez um apelo à união, dizendo “é hora de nos unirmos”, e elogiou Dilma como alguém que tinha “uma grande dívida de gratidão pelo serviço prestado ao nosso país”.
Pós-eleição[]
A vitória de Alborghetti, considerada improvável pela maioria das previsões, foi caracterizada como uma "virada" e "chocante" pela mídia. O próprio Alborghetti achou que perderia com o resultado do primeiro turno.
Reação do povo[]
Os eleitores de Alborghetti comemoram a vitória, com fogos de artifício e várias bandeiras brasileiras mexendo, enquanto os eleitores de Dilma erguem uma série de cartazes e gritam vários gritos, incluindo "Não é meu presidente" e "Fora Alborghetti". O movimento organizado nas redes sociais sob a hashtag #Antialborghetti.