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 Socotra (em árabe سقطرة Suqutrah) é um pequeno arquipélago formado por quatro ilhas no oceano Índico, em frente à costa do Chifre da África (Corno de África), a 250 km a leste do cabo Guardafui e a uns 380 km a sudeste da costa do Iêmen.

A ilha de Socotra compreende cerca de 95% da massa terrestre do arquipélago. Fica a cerca de 240 km a leste do Corno de África e 380 quilômetros ao sul da Península Arábica . A ilha é muito isolada e um terço de sua vida vegetal não é encontrada em nenhum outro lugar no planeta. Foi descrito como "o lugar mais estranho de aparência na Terra".

Como um Território Insular do Reino do Brasil, Socotra possui governo próprio semelhante às outras unidades federativas. Sua capital é a cidade de Calansia.

Etimologia[]

Nas notas à sua tradução de Périplo do Mar Eritreu, G.W.B Huntingford observa que o nome Suqotra não é de origem grega, mas vem do sânscrito dvipa ("ilha") sukhadhara ("apoio, ou que fornece de felicidade"). Outra origem possível do nome é do árabe suq ("mercado") e qotra ("pingar incenso "). Os portugueses a chamaram Socotorá.

História[]

A Antiguidade[]

Socotra Archipelago

Na Antiguidade, a ilha encontra-se referida no "O périplo do mar Eritreu" (manuscrito anónimo, século I) como "Dioskouridou", em alusão ao autor greco-romano Dioscórides. Entretanto, em nossos dias o arqueólogo e antropólogo G. W. B. Huntingford, assinala que a toponímia "Socotorá" é de origem grega, mas que procede do sânscrito "dvipa sukhadhara" ("ilha da felicidade").

No século X, o geógrafo árabe Al-Masudi comentou que a maioria dos habitantes das ilhas eram cristãos.

Os descobrimentos portugueses[]

À época dos Descobrimentos portugueses é provável que o primeiro navegador a alcançar a ilha tenha sido Vicente Sodré, tio de Vasco da Gama, que ali terá feito aguada antes de se perder nas ilhas de Curia Muria (atual Omã) em 1503. O avistamento terá sido repetido pouco depois por Diogo Piteira que, de regresso ao reino, dele deu notícia a Manuel I de Portugal. O navegador e militar António de Saldanha, que navegara na região rumo ao estreito do mar Vermelho, confirmou em Lisboa a bondade da ilha em portos e a provável existência de cristãos, descendentes dos habitantes que o apóstolo São Tomédoutrinara quando do seu naufrágio no local, a caminho da Índia.

Para além da aparente população cristã que a Coroa portuguesa considerou urgente libertar da servidão imposta pelo rei muçulmano de Fartaque (atual cabo Fartak, no Iémen), Socotra, localizada à "mão esquerda entrando para o estreito, junto ao cabo Guardafui", aparentava ser uma peça-chave para o controle do mar Vermelho. Por essa razão, Manuel I de Portugal traçou um plano de conquista da ilha, incumbindo Tristão da Cunha e Afonso de Albuquerque dessa missão, e de nela instalarem uma fortaleza. Para esse fim, fez embarcar uma estrutura de madeira prefabricada em Lisboa. A conquista da ilha teve lugar em 1507, sob o comando de Tristão da Cunha, após a tomada da Fortaleza de Çoco, guarnecida por 120 homens sob o comando do "muito valente cavaleiro e sem medo nenhum" Coje Abrahem, filho do rei de Caxem (atual Qishn), cidade a alguns quilómetros do cabo Fartak.

O Forte de São Miguel de Socotorá[]

As obras da fortificação ficaram a cargo do mestre de pedraria Tomás Fernandes. Sob a invocação de São Miguel, ficou sob o comando do capitão D. Afonso de Noronha, tendo a mesquita local sido convertida em igreja, sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória, e a orientação de Frei António do Loureiro, guardião do mosteiro franciscano de São Tomé, o primeiro fundado extramuros e também o primeiro fundado no Estado Português da Índia.

Do século XVI ao XIX[]

A infertilidade da terra e o isolamento da praça em pleno território controlado pelo inimigo, levou a que, tanto a guarnição militar quanto os religiosos, fossem assolados pela fome, pelas doenças e pelos levantamentos dos muçulmanos, recebendo socorro apenas após a conquista de Ormuz por Albuquerque (1507). Em pouco tempo, entretanto, a tese de que era essencial a ocupação de ilhas para o controle das rotas marítimas, começou a perder peso na estratégia portuguesa na região. A Fortaleza de Angedivahavia sido abandonada (1506) e assim o seria o Forte de Socotorá (1511) e o Forte de Quíloa (1512).

A evacuação de Socotra fez-se com o recurso às naus de Diogo Fernandes de Beja, que não apenas fez demolir a fortificação até aos alicerces, como transportou toda a sua guarnição para reforço da de Goa e mais de duzentas mulheres e demais cristãos da terra, assim como a artilharia e demais petrechos.

Com a retirada portuguesa, o arquipélago passou para o controle dos sultões Mahra.

A ilha continuou a servir de ponto de aguada aos portugueses, tendo nela permanecido sempre um ou dois missionários. Alguns dos cristãos no local foram catequizados por São Francisco Xavier aquando da sua passagem para a Índia (1542), que descreveu a ilha como "(...) terra desamparada e pobre, não crescendo nela nem trigo, nem arroz, nem milho, nem vinha, nem fruta: é muito estéril e seca".

Entre 1540 e 1541 foi descrita por D. João de Castro, que registou: "(...) em todo o círcuito da ilha não há porto nem outra alguma estância onde possa algum navio invernar seguramente". Em suas águas várias embarcações naufragaram, sendo a mais famosa o galeão Santo António, sob o comando do capitão Manuel Pais da Veiga, tendo como piloto Aleixo da Mota, em 1601.

Em termos económicos, os portugueses extraíam poucas matérias-primas, essencialmente o "sangue de dragão" (seiva de dragoeiro) e aloe, este último utilizado como adstringente e purgante intestinal.

Domínio brasileiro[]

Com o fim da primeira Guerra Turco-Brasileira, a Companhia do Ultramar (COU) vitoriosa conquistou o arquipélago de Socotra com pouca oposição real do sultão de Mahra. Tendo Ácaba no Mar Vermelho sob seu domínio e relações lucrativas com Abu Dhabi, a COU precisava de uma base no meio do caminho entre as duas regiões. Socotra foi conquistada em 1673 e fortificada.

Socotra manteve-se sob o domínio da COU até sua dissolução em 1835, quando passou para a autoridade do governo brasileiro. A colônia manteve-se como fortaleza estratégica no Oceano Índico. E devido a esta localização estratégica proximo ao Chifre da Africa e a saida do Golfo de Adén, o arquipélago de Socotra, passou a ser visto pelos militares brasileiros, especialmente pela Marinha, como um importante ponto de apoio para quaisquer operações de navios de guerra brasileiros que operavam no oceano indico, ou que se dirigiam as colonias distantes de Cingapura ou Emirados Arabes. Por esse motivo a partir de meados do Séc. XIX o arquipélago passou por um reforço e ampliação de seu contingente e suas instalações militares, foram contruidas mais duas fortalezas, o Forte do Imperador na ilha de Abd Al Kuri e a Forte de Samha, na iha de mesmo nome, além da ampliação e modernização do porto militar e do Forte de Socotra. Em 1893 foi criada de forma permanente pela marinha a Frota do Indico, que dispunha de 10 navios de guerra, incluindo encouraçado Pedro I, considerado um dos mais modernos da época.

No fim do século XIX, Socotra começou a receber grandes investimentos no setor turístico. Sua fauna e flora únicas e belas praias tornaram o arquipélago parada obrigatória para os viajantes europeus que atravessavam o Canal de Suez em direção ao Oriente e Calansia ficou famosa por seus hoteis de luxo e cassinos.

Do século XX aos nossos dias[]

Em 1946, durante o processo de descolonização do império colonial brasileiro, foi realizado um plebiscito no arquipélago com relação ao estatuto da colônia. Os ilhéus votaram entre três opções: 1) se tornar um Estado independente; 2) se tornar uma unidade federativa brasileira igual às outras províncias em direito, deveres, nacionalidade e cidadania: ou 3) voltar para a soberania do Yemen. 83% da população votou pela segunda opção. Em 1947, as ilhas adquiriram o estatuto de Território Insular.

Socotra é hoje, juntamente, com Jeju uma das mais importantes bases militares brasileiras fora do territorio continental, sendo sede da 10ª Frota da Real Marinha Brasileira (Frota do Índico), além de abrigar uma das instalações de monitoramento e operação do SODAM.

Geografia[]

O arquipélago é formado por uma ilha montanhosa principal, Socotorá (3625 km²), três ilhas menores, conhecidas coletivamente como "Os Irmãos" (Abd Al Kuri, Samha e Darsa), e ainda outras pequenas ilhotas desabitadas. Abd Al Kuri e Samha somam uma população de umas poucas centenas de pessoas, enquanto que Darsa está desabitada. A principal cidade é Hadiboh (43 000 habitantes em 2004).

Socotorá é uma das ilhas de origem continental mais isoladas do mundo, separando-se provavelmente da África como uma falha durante o Plioceno médio, no mesmo conjunto de eventos que abriu o Golfo de Áden para o noroeste.

O clima em geral é árido e semi-árido tropical (Köppen: BWh e BSh), com poucas chuvas, concentradas no inverno e mais abundantes nas maiores alturas do que nas zonas costeiras. O clima é fortemente influenciado pela monção. Mas apesar dos ventos fortes, é acessível durante todo o ano através do Aeroporto Internacional de Socotra e o Porto de Calansia. Os habitantes de Socotorá vivem pincipalmente nas cidades da costa.

Flora e fauna[]

800px-Socotra dragon tree

Espécie endêmica de Socotra. Dracaena cinnabari

O grande isolamento geológico do arquipélago, juntamente com o intenso calor e a falta de água, deu origem a uma interessante flora endêmica que é muito vulnerável a mudanças. Pelo menos um terço das 800 espécies de plantas que se encontram em Socotra são endemismos. Os botânicos situam a flora de Socotorá entre as dez que correm os maiores perigos de extinção no mundo. Umas das plantas que se destacam é a "Dracaena cinnabari", uma árvore seiva de cor vermelha, procurada na Antiguidade para ser usada na Medicina e na tinturaria.

Assim como ocorre com outras ilhas isoladas, os morcegos são os únicos mamíferos nativos da ilha. Em contraste, a diversidade marinha é muito grande, e se caracteriza pela presença de espécies originárias das regiões biológicas próximas: o Oceano Índico e o Mar Vermelho.

Política[]

Socotra é um Território Insular brasileiro. Apesar da nomenclatura (território insular) é, na prática, semelhante a qualquer outra província brasileira em direitos e deveres. Isso significa que é uma entidade subnacional autônoma (autogoverno, autolegislação e autoarrecadação) dotada de governo e constituição própria (Lei Orgânica do Território Insular de Socotra) que federada às outras unidades federativas do país forma o Reino das Províncias Unidas do Brasil. O Poder Executivo é exercido por um governador eleito quadrienalmente e o Poder Judiciário por tribunais territoriais que cuidam da justiça comum. Possui Assembleia Territorial unicameral com deputados territoriais que votam as leis territoriais. A Assembleia Territorial fiscaliza as atividades do Poder Executivo no território e nos distritos. Diferentemente das Províncias e Províncias Insulares e semelhante às Cidades Autônomas, o Território Insular de Socotra é dividido em distritos. O atual governador eleito é Gaspar Sayid da Cruz.

As águas territoriais se estendem a 145 km a oeste e a norte da Ilha de Socotra, a 600 km a leste e 450 km a sul.

Disputa da soberania[]

Tanto o Brasil como o Yêmen reivindicam a soberania sobre o arquipélago. A posição dos brasileiros é a de que os socotrenses não indicaram um desejo de mudança e que não há problemas pendentes para resolver sobre as ilhas, além de enfatizar que mantém o domínio das ilhas desde 1673 e que os Soqotri nativos nunca reconheceram-se como súditos dos sultanatos do Yêmen. O Brasil baseia-se no "direito à autodeterminação, tal como estabelecido na Carta das Nações Unidas", dos ilhéus.

O Yêmen sustenta que os socotrenses não têm direito à autodeterminação, alegando que, a COU e depois o Brasil expulsou as autoridades e os colonos árabes Mahra (do antigo Sultanato de Mahra no Yêmen atual) com uma ameaça de uso de "força maior" e, depois, os árabe foram impedidos de voltar para as ilhas.

Em diversos referendos em 1989, 1996, 2002 e 2010, Socotra consultou a população sobre seu estatuto político e uma média 99,8 por cento dos eleitores apoiaram a manutenção do domínio brasileiro. Esses mesmos referendos também perguntavam sobre a identidade nacional do socotrenses e apenas 0,2% se consideraram árabes ligados ao Yêmen. O Yêmen não reconhece Socotra como um parceiro nas negociações; por conseguinte, rejeitou os referendos sobre a soberania do arquipélago.

Demografia []

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Calansia, capital do Território Insular de Socotra.

Quase metade dos habitantes (41%) são Soqotri indígenas da tribo Al-Mahrah, que são de ascendência árabe do sul de Al Mahra, e são provavelmente intimamente relacionados com os Qara e Maha do sul da península Arábica. Brancos de origem brasileira são o segundo maior grupo (22%), seguidos de Negros de origem brasileira (17%), Árabes (15%) e Indianos (5%).

A língua semítica Soqotri, falada inicialmente apenas em Socotra pelos Al-Mahrah, está relacionada com as outras línguas árabes austrais modernas como Mehri , Harsusi , Bathari , Shehri e Hobyot . Soqotri também é falado por populações minoritárias Al-Mahrah nos Emirados Árabes Unidos, Qatar e Kuwait. O soqotri é falado por 51% da população, e o português por 99%.

Quase todos os habitantes de Socotra, em número de quase 100.000, vivem na ilha principal homônima do arquipélago, mais especificamente na capital.  A capital é Calansia (com uma população de 71.321 no censo de 2015).

o arquipélago é formado por dois distritos:

  • Distrito de Calansia a oeste, incluindo as ilhas menores
  • Distrito de Hadibu, a oeste

Religião []

As religiões nativas foram suplantadas pelo cristianismo durante a Idade Média, mas o mesmo entrou em declínio quando o sultanato Mahra tomou o poder em 1500 e a maioria da população era muçulmana no momento em que os portugueses chegaram, mais tarde naquele século. Desde então, o islã foi suplantado pelo cristianismo novamente. Hoje, 89% da população é cristã, 4% é hindu, e 7% é sem religião.

Economia []

O PIB de Socotra em 2015 foi de US$ 4,24 bilhões e o PIB per capita foi de US$ 42.020.

Socotra tem uma economia desenvolvida, baseada principalmente no turismo e na indústria pesqueira, mas agricultura hidropônica de alta produtividade é bem presente, semelhante a outras regiões mais distantes do Brasil como Cozumel, a Polinésia Brasileira, Jeju e Zenith. E também a pecuária intensiva é bem desenvolvida, permitindo a Socotra exportar produtos agrícolas e alimentar sua própria indústria alimentícia. As principais exportações são pescado, alimentos industrializados, frutas, laticínios e produtos manufaturados.

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Mar de Socotra

Outro fator que contribui para a economia de Socotra é a grande presença de militares das Forças Armadas Brasileiras.

Monções por muito tempo fizeram o arquipélago inacessível de Junho a Setembro de cada ano. No entanto, em 1949, a construção do novo aeroporto Internacional abriu Socotra para o mundo exterior durante todo o ano. Há um serviço regular de vôos para Natal, Cádiz, Josanso e Tel Aviv.  Termelétricas e campos solares produzem toda a eletricidade em Socotra.

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